quarta-feira, 12 de agosto de 2009

De repente 30

Quando eu era criança, a referência que tinha da mulher de 30 anos era a da esposa, dona de casa e mãe de, pelo menos, dois filhos.

Ainda não tenho 30 anos, mas vejo que vou chegar lá em situação completamente diferente de tudo isso. Me sinto exatamente como a Jenna, personagem de Jennifer Garner no filme “De repente 30”...
Assim como ela, é como se eu sempre acordasse com o mesmo estilo e ideais da época em que era adolescente, mas olhasse para o calendário e percebesse, somente neste momento, que jogaram alguns aninhos a mais nas minhas costas. Por causa disso, até me pergunto se hoje eu sou uma velha jovem, ou se há alguns anos eu era uma jovem velha...

O fato é que canso de ouvir que este século é formado por mulheres objetivas, independentes e fiéis aos seus ideais. Porém me incomoda enxergar que tudo isso é proclamado, de modo lindo e maravilhoso, mas a verdade é que ainda predomina em nossa sociedade, de forma velada, aquele estereótipo de mulher que eu imaginava na infância.

É fácil perceber... Comecem a reparar no que as pessoas valorizam e nos discursos que sempre rodeiam as mulheres, quando começamos a chegar nos 30 anos:

- Beleza: “Você é mulher e tem que se cuidar, já vai fazer 30 anos! Compre um creme para começar a disfarçar as rugas...”
- Habilidades: “Onde já se viu uma mulher de quase 30 anos não saber cozinhar? Tem que ser prendada!”
- Casamento: “Cuidado para não ficar para titia, você já está chegando nos 30...”
- Filhos: “Quando você vai chamar a cegonha? Ter filho depois dos 30 anos pode ser perigoso.”

Onde fica a independência da mulher, tão bradada aos quatro cantos? E a sua liberdade de escolher o que e quando é melhor para si, sem ter quem lhe dita as regras e seu prazo de validade?

É uma pena que muitas pessoas sejam hipócritas. Fingem que entendem e apóiam a mudança da cultura feminina, mas nos cobram, o tempo todo, para que possamos atender às expectativas da sociedade retrógrada.


Vou começar a falar aos chatos de plantão, que insistem em ficar com estes papos do tempo em que minha avó era menina-moça: “Com licença... Como você bem disse, já tenho quase 30 anos e da minha vida cuido eu. Só eu!"

2 comentários:

Rosi disse...

Ahá, agora deu certo meninas.
Vou encher o saco de vcs com comentários nesses textos, aliás sincronicidade agora é nosso lema (tá, eu também lembro da Ana quando ouço essa palavra, para falar a verdade eu nem ouço, mas ficou gravada na minha mente de tanto que ela falava!). Incrível como temos escrito textos com o mesmo tema.
COmo escrevo posts e os deixo programados, acabo colocando-os mais para frente no calendário para ficar diferente desse bloguito.
Primeiro foi o texto de afinidades da Erika, depois do trote da Fê (esses dois vou publicar só na semana que vem) e agora esse dos 30. Tá eu já fiz trinta e por isso escrevi há muito tempo, mas reeditei para participar de um blog de uma amiga.
Bem queridas, é isso.
Volto, é claro!!!

Rosi disse...

A propósito: sabia que existe um blog que tem o mesmo nome desse post e do filme? Pois é, o blog é ó-te-mo e é feito por várias mulher de 30.
Confiram: http://drepente30.blogspot.com/