quinta-feira, 30 de julho de 2009

Não tenho medo do escuro, mas...

Qualquer criança já deu comida para pombas e eu, óbvio, não poderia fugir à regra. Lembro como se fosse hoje que, com 4 anos, passava os finais de semana na casa da minha avó, em uma travessa da Av. Rebouças e ela sempre levava tanto eu, quanto meu irmão para este glorioso passeio. Adorávamos!

Quando eu tinha 6 anos minha avó mudou para o RJ e não sei por que estas criaturas passaram a ser minhas inimigas mortais. Sim... Não tenho medo do escuro, mas tenho medo de pombas.

Aliás não é medo, muito menos frescura (como muitos teimam em achar), é fobia mesmo! Com direito a mãos geladas, taquicardia e pupilas dilatadas a cada encontro inesperado. Simplesmente congelo e perco a ação.

Quando comecei a sentir medo, passei a detestar freqüentar lugares abertos. Fazer piquenique, ir ao zoológico, Playcenter então? Verdadeiro martírio! Saía chorando sem parar... Hoje, quando vou almoçar pela primeira vez com alguém, aviso antes para não passar vergonha.

Isso porque já consigo encarar a situação com mais bom humor, principalmente depois de descobrir que um amigo 4 X 4 tem o mesmo tipo de medo que eu e por causa das pombas sempre terem me rendido histórias engraçadas.

Alguns exemplos: sempre as encontro em lugares onde não deveriam estar, como o dia em que vi uma atrás de várias pilhas de saco de arroz em um supermercado; atravesso a rua quantas vezes for necessário para fugir delas e sempre tem alguém atrás de mim, que trabalha na mesma empresa que eu e que fica me olhando com cara de “ué”; finjo que atendo o celular para justificar minha parada abrupta ao dar de cara com o aparecimento surpresa do elemento; me agacho em meio à Avenida Paulista, acreditando que o animal, ao dar um rasante, vai pousar diretamente na minha cabeça; ando quilômetros na beira da praia, para não ter que ficar convivendo com elas na areia; berro na frente de desconhecidos e até agarro o braço de homens casados para me proteger das infelizes, se for preciso!

Mas o mais legal é que todos os meus amigos, quando vêem uma pomba, lembram-se de mim e alguns até me ligam para contar que atropelaram as coitadas, como se me fizessem um favor. Outros fazem questão de me ajudar a espantá-las para bem longe, o que é muito engraçado porque quem vê de fora não entende nada... Sem contar um amigo que insiste em falar que me presenteará com uma pomba de pelúcia!

Não sei de onde surgiu todo este medo, provavelmente um trauma da infância que ainda não consegui descobrir nem com a ajuda das memórias da minha mãe e nem em terapia.

Diz um amigo meu que tudo aconteceu quando eu era pequena e andava de bicicleta na rua. Segundo ele a pomba teria voado e entrado na minha boca. Vê se pode?! Virei motivo de piada...

Por enquanto vou tentando superar, mas imagino quando tiver um filho. Qual será a minha reação se a criança for fã destas desagradáveis, que nem merecem ser nomeadas? E se um dia eu resolver viajar para a Itália?


É... Quem foi que disse que pombas representam a paz, mesmo?!

Um comentário:

André Andrade Silva disse...

O pior é que eu nunca pensei em te dar uma pomba de pelúcia, mas adorei a idéia.....Quando eu achar comprarei no momento.